quinta-feira, 7 de abril de 2011

Margarida


Margarida

Chama-se Margarida.
A minha linda cadela.
Ai e como ela gosta
de passear pela trela

Comprei-lhe uma muito gira.
Tons de azul e cor-de-rosa.
E claro que na rua
anda sempre muito vaidosa

É uma cadela shitzu.
Eu sei, o nome é estranho.
E querem saber uma coisa?
Ela detesta tomar banho

Embora pequenina,
gasta UM sabonete.
Querem saber porquê?
Porque rima com Tibete.

É de lá que ela vem.
De um País que ainda é China.
Onde o frio é de rachar.
E a cidade é bem lá em cima.

Tem um pêlo muito comprido.
É essa a razão.
E para tirar-lhe os nós.
Cada escovadela, um puxão.

Há tempos teve filhinhos.
Um que se chama Tomás.
E pelo nome se vê,
só podia ser rapaz.

Ficou connosco lá em casa.
Uma ternura também,
e quantos cuidados tinha,
Margarida como mãe.

Já vivemos aventuras
Estou a falar, eu e ela.
E quando viajamos.
Ela vai sempre à janela

Parece que tudo observa.
Pra depois me vir contar.
As coisas que ela viu.
Quando o comboio ia a passar

Ah mas do que ela gosta mesmo.
É de um belo de um colinho.
Festas e brincadeiras.
E muito, muito carinho

É a minha companheira.
Muito mais que uma amiga.
Sempre feliz e contente.
Uma amiga para a vida

Agora falta um segredo.
Ela adora lamber.
E é com os seus beijos.
Que me deixo adormecer.

Se vocês tiverem cão.
Tratem-no como vos digo.
Nunca a ternura é de mais.
Para o nosso melhor amigo

O gato Tristão

Eu tive um gato persa
Que se chamava Tristão
Era gordo e preguiçoso
E ainda por cima lambão

Não podia cheirar comida
Tudo lhe sabia bem
Fosse leite, peixe ou carne
Ah! E ratinhos também

Até que me dava jeito
O seu gosto por caçar
Pois pra quem vive no campo
Há lá bichos de fartar

Mas lembro-me certo dia
Estava ele a dormitar
Quando uma gata amarela
Se atreveu a passar

Mexeu-se-lhe um bigode
Abriu um olho, depois outro
Mas o que foi engraçado
Foi o seu ar de maroto

Recordo que olhou para ela
Com um ar assombrado
E assim num de repente
Tristão estava apaixonado

Esfregando os narizes um no outro
Com grande descaramento
Deram logo a entender
Que ia dar em casamento

Mas o pior estava pra vir
Pois por entre tanta lambida
O pobre do Tristão
Tinha que partilhar a comida

Ficou muito mais magrinho
Da fome que passou
E quando a gata teve gatos
Um grande susto apanhou

Agora Tristão percebia
Nem podia dormitar
Eram tantos os filhinhos
Que ele tinha que sustentar

E era vê-lo correndo
A tentar caçar os ratos
E foi assim que aprendeu
Que é esse, o trabalho dos gatos.

O cavalo branco


O cavalo branco
Eu vi um cavalo branco
Dei-lhe o nome de paixão
Pois foi isso que nasceu
Dentro do meu coração

Branco como uma nuvem
Que vai no céu a passar
Assm é ele quando anda
Parece que anda a dançar

Tem uns olhos muito grandes
E um enorme focinho
E confesso tive medo
Quando me quis dar um beijinho

Apesar de desajeitado
Mas pra grande surpresa minha
O seu gesto foi apenas
Pra me fazer uma festinha

Muito simpático o seu dono
Convidou-me para o montar
E lá fomos nos os dois
Pelo campo passear

é muito engraçado
ele anda a saltar
o pior foi o meu rabo
nem me podia sentar

que cavalo tão lindo
que lindo o seu trinar
quando conversa comigo
parece que está a cantar

vou vê-lo todos os dias
e levo sempre uma cenoura
ele agradece dizendo
obrigada minha senhora

que melhor coisa há
ter um amigo assim
ter quem por mim espera
E sei, gosta de mim

sábado, 26 de março de 2011

O buraco

Aconteceu certa vez,
Numa noite muito estrelada,
Aparecer ao João,
Uma doce e linda fada.

Tinha um vestido azul,
Um chapéu muito engraçado,
Uma varinha na mão
E um segredo guardado.

Ela sorriu para ele,
Coitado estava assustado,
Pois nunca quis acreditar,
Que existisse um mundo encantado.

Não tenhas medo João
Aqui te trago um presente,
Pra te fazer feliz
E ajudar muita gente.

Guarda bem o que te dou,
Dentro deste guardanapo,
E qual não foi o seu espanto,
Quando espreitou…
era um buraco.

Vai-te levar onde queiras,
Por ele podes entrar,
Viver grandes aventuras
E a aprender a sonhar.

Mas João que era maroto,
Se bem o pensou logo fez,
Meteu-se pelo buraco,
E mil diabruras fez.

No fim quando cansado,
Quis voltar, não conseguia,
Tinha comido tantos doces
~Que no buraco não cabia.

E pos-se ele a chorar,
arrependido que estava,
e bem alto prometeu,
que o disparate acabava.

Foi depois que se lembrou ,
das palavras da fada,
de usar o seu presente
de maneira civilizada

Meteu-se então pelas ruas,
em busca de alguém precisado,
e do buraco saía,
o brinde desejado.

Os anos foram passando
e o nosso João cresceu,
fez feliz muita gente
mas do buraco se esqueceu.

É isso que acontece
quando depois de crescida,
a gente sempre se esquece,
das coisas mágicas da vida.

O som do amor

Mas que grande confusão vai ali fora!
Pi Pi, Pó, Pó Pó, Vruuuuuuuuum, Nó ni Nó ni, tlim, tlim… tudo ao mesmo tempo, parece uma orquestra avariada!
Mas o que terá acontecido? Não conseguem ouvir?- Pi Pi, Pó, Pó Pó, Vruuuuuuuuum, Nó ni Ní ni, tlim, tlim - Vou espreitar à janela.
- Pois… lá está a gata francesa. Vaidosa! Toda enfeitada com lacinhos cor de rosa! Hum… Bem me tinha parecido que segundos antes, tinha ouvido o som dos carros, bicicletas e motas a travar!
É que a malvada, quando lhe apetece, atravessa a rua e pronto. Nada de olhar! Qualquer dia… qualquer dia…
Disse-me aqui a vizinha, que a gata anda apaixonada. Mia o dia todo. Miauuuuuuuuu, miauuuuuuuu. Já ninguém no prédio a pode ouvir.
Não ouvem lá fora? Os carros a apitar, as pessoas a refilar? A rua ficou toda desarrumada.
Prim prim…. Lá vem o polícia. Parece que ninguém se magoou. Ai a gata, a gata. Foi por um triz!Mas que grande confusão: Prim Prim apita de novo o policia: - Vá lá! Carros! A andar para trás! Motas… arrancar… - ordena ele. Parece que tudo volta ao normal.
E a gata francesa? Imaginem só! Está deitada na relva, enroscada no seu príncipe gato!
Mesmo daqui da minha janela, oiço o coração dele, pum, pum, pum e ela a fazer ron ron. E não será este, o som do amor? Entre gatos, claro!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Música no jardim

Ali no jardim da Estrela,
bem no centro da cidade,
vivia uma borboleta
que se chamava Piedade.

Tinha uns olhos muiiiiiiiiiiiiito escuros,
asinhas com pintas vermelhas,
uns tantos pares de patas,
para fugir das aranhas.

A nossa borboleta,
gostava muito de cantar.
E dava gosto ouvir
a sua vozinha pelo ar

No jardim os outros bichos,
também gostavam muito dela.
Das cantigas e concertos,
com as musicas mais belas.

Só que foi no outro dia,
que uma formiga,
muito triste me contou,
que a voz de Piedade,
para sempre se calou.

Foi a malvada da aranha,
que de música não sabe nada,
apanhou a borboleta
numa teia bem armada.

Então os outros bichinhos,
para que a sua morte, não tivesse sido em vão,
reúnem-se todas as tardes
e repetem a canção

Não fiquem tristes amigos,
esta história não acaba assim,
ainda que sem borboleta ,
ainda há música no jardim.

Cacareca e Patareca

No jardim da D. Emília, viviam a galinha Cacareca e a pata Patareca. Passavam os dias a cacarejar e a patarejar uma com a outra. Tudo começou quando aquele maldito e enorme cão, entrara dentro do galinheiro e PUM, de uma vezada só, tinha engolido o galo Cacareco e o pato Patareco.
Apesar de eu não falar nem cacarejês nem patarejês, foi mais ou menos isto que me pareceu ouvir da minha janela: -Cá ca ra ca cá, ca ca rá ca cá
- Qua qua qua qua qua qua – respondia a Pata Patareca muito zangada e ofendida.
E imaginem voçês ouvir isto o dia todo! A D. Emília cansada de tanta algazarra, chegou a sair de casa de faca na mão em direcção àquelas duas . A coisa por alguns momentos ficou feia. Cheguei até a temer que nessa noite o jantar fosse canja de galinha e arroz de pato! Mas passado o susto , lá voltaram elas ao de sempre. Cacaracacá pra lá, quaquaquaqua pra cá.
Até que numa certa manhã a atenção das duas foi desviada pela visão de dois seres do outro mundo. Foi isso que elas pensaram. Nunca nas suas vidas tinham visto nada assim. Uma coisa redonda e colorida de braço dado com outra fininha e luzidia.
Mantendo uma distância confortável, a curiosa Cacareca encheu-se de coragem. E logo os encheu de perguntas. Veio-se assim a saber, que eram nem mais nem menos que um colorido novelo de lã e a sua amiga agulha. Sem querer tinham caído lá de cima da varanda e aproveitavam agora para dar um passeio.
Satisfeita a curiosidade, e quando se preparavam de novo para começar a discutir, eis que a ratinha Ritinha começou a dar à luz um monte de ratinhos que nasceram, nuzinhos e cheios de frio.
E porque na cabeça de uma Pata e de uma Galinha, uma coisa leva à outra, tiveram uma grande ideia. Foram pedir ajuda ao novelo e à agulha e teceram tantas botinhas e casaquinhos que hoje, lá no quintal, não há animal que não ande bem agasalhado.
Mas mais importante que tudo, vive-se em paz.